quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Violência, Gênero e Mídia


A sociedade de modo geral e a maioria das mulheres reconhecem apenas a violência física contra as mulheres. A violência simbólica muitas vezes passa despercebida. No entanto, ela está presente, e de forma simbólica, cotidianamente na mídia e na imprensa nacional. E para contribuir para que  percebam, a União Brasileira de Mulheres (UBM) faz a primeira reunião com as coordenadoras regionais do projeto “Fortalecer o Protagonismo no Enfrentamento Contra as Mulheres na Democratização da Mídia”.
Para trabalhar a temática com as mulheres, a UBM objetiva capacitá-las com formação teórica. Nos seminários, serão apresentados artigos e materiais sobre gênero e violência, mídia e estereótipos da mulher e violências simbólicas. “O nosso principal objetivo é fazer com que as mulheres estejam preparadas para fazer o controle social da mídia, tomar conhecimento e buscar os seus direitos. Sabemos que a linguagem simbólica dos meios de comunicação fica muito marcada. Se conseguirmos fazer uma campanha em que essas mulheres saiam mais emancipadas ou pelo menos que se libertem desse processo todo, teremos alçando a nossa meta”, declara.

Para Dóris, a relação gênero x mídia é muito problemática de ser tratada porque envolve um plano simbólico, que muitas vezes não percebido pela maioria das mulheres. Ela explica que na mídia, invariavelmente, a mulher é tratada como objeto ou como aquela pessoa que para ser feliz tem de estar dentro de um padrão de beleza. “Na mídia, sobretudo na televisão, a mulher perfeita é aquela que corresponde a um determinado padrão: um padrão de beleza, de cor, de classe social. Aquelas que não estão perto desse padrão estão cada vez mais infelizes. Quanto mais distante do padrão sentem-se mais infelizes e inferiorizadas. Temos de derrubar esses estereótipos”.

Segundo Dóris, é o reforço das imagens desses estereótipos que faz com que a violência simbólica seja praticada, pois os padrões vigentes e as repetições do “lugar” onde a mulher “tem de ficar” gera conflitos quando ela rompe com a estrutura machista. “A mulher vai se submetendo inconscientemente a esses padrões impostos pela mídia. Para romper com isso, o processo de libertação é fundamental. Quando a mulher tem uma atitude diferenciada, ela é vista  como rebelde, desobediente. E, muitas vezes pelos filhos e pela família,  elas têm de se manter obedientes. No entanto, precisam entender que o elemento motivador da violência doméstica não é o mesmo da violência urbana, mas que é fundamentado numa relação de poder estabelecida do homem sobre a mulher. Têm muitos homens que cometem agressão, que são bons pais, bons funcionários, bons colegas de trabalho, mas que vêem a mulher como propriedade deles. Portanto, quando ela não faz o que ele quer, têm reações de violência. E é isso que temos de mudar, é essa percepção que as mulheres também têm, que deve ser desfeita para a própria segurança delas”, finaliza.

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